Matilhas

Caro Judas, estive a ler com atenção o seu comentário, e devo dizer-lhe que o seu conhecimento do reino animal, no que diz respeito ao comportamento dos canídeos, demonstra ter enormes lacunas.
Quando numa matilha se coloca em causa a liderança, não se dá o desmembramento da referida matilha. Quando numa matilha se coloca em causa a liderança, o líder tem que provar porque o é, acontecendo então o confronto entre o líder e o desafiante ou aspirante a líder. Após o confronto, o que sair derrotado, assume um de dois comportamentos possíveis, isto se sobreviver à referida disputa pela apetecida liderança: ou se submete incondicionalmente à vontade de quem o derrotou, ou abandona o grupo.
Mas se o caro Judas estava a tentar fazer, como me parece, uma analogia entre as matilhas e as equipas da empresa dos privilegiados, tem que ter algum cuidado quando transpõe a realidade animal, neste caso canina, para a realidade humana.
Para começar, a liderança numa matilha é imposta pelo medo, pelo temor. Normalmente, o líder da matilha será o cão mais forte ou de maior porte. Numa equipa de humanos, a liderança não se impõe, conquista-se, adquirindo o respeito de quem se pretende liderar. Porque chefe qualquer um pode ser, basta ser nomeado para tal. Agora ser líder, já não está ao alcance de todos. A liderança de um grupo de trabalho conquista-se demonstrando competência, não prepotência. Conquista-se dizendo "vamos fazer" e não "vá fazer". Conquista-se compreendendo e assumindo que apesar de ser chefe, é também um elemento da equipa. Conquista-se assumindo que quando algo vai mal na sua equipa, ele é o primeiro e principal responsável.
Outro erro que o caro Judas está a cometer, é achar que separar determinados elementos vai solucionar todos os problemas de liderança nesta empresa. E não vai, porque neste momento algo que une grande parte dos privilegiados, é a não aceitação de alguns comportamentos que as chefias estão a ter, independentemente de esta ser a sua chefia directa ou não.
Em relação à última observação que faz no seu comentário, agradeço a sugestão, mas neste blog, ainda somos nós, os guionistas do mesmo, que decidimos quem defender e o que escrever, e posso garantir que não nos deixamos intimidar por quem quer que seja.
E pode estar perfeitamente descansado, que enquanto o caro Judas respeitar as regras deste blog, os seus comentários continuarão a ser publicados, independentemente de concordar-mos com a sua opinião ou não.